Revista ENFIC

Revista do Encontro Nacional
e Internacional de Filosofia Clínica

Partilhante – Aspectos sistêmicos na atualidade

*Tema do Encontro: FILOSOFIA CLÍNICA E ALTERIDADE
**Tema a ser abordado: Partilhante – Aspectos Sistêmicos na Atualidade
***Subtema: Quem é esse que se aproxima? Que clínica é essa que o acolhe?

Jamil Donizete Stefanuto
Filósofo Clínico (Bariri/SP)

Introdução
O tema do encontro está em propor uma conversação, a partir do exercício clínico filosófico do colocar-se no lugar do outro, a reconhecer a diferença entre as partes; outrossim, perceber que o outro é uma pessoa subjetivamente única, ou seja, uma pessoa com multiplicidade de ideias. Assim, faz-se necessária a ética, pois, a presença do outro, por si mesmo, a exige, considerando que só se pode ser ético em função do outro. Quando o outro é alcançado pelo que contempla como alteridade, torna-se absolutamente Outro (cf. Levinas). A Filosofia Clínica, a partir das bases filosóficas, convida-nos a enxergarmos o outro como um outro; significa dizer: estar absolutamente diante da outreidade. Portanto, é ético entender que se está diante da diversidade da alteridade – o outro (cf. Dussel).

Desenvolvimento

Aspectos sistêmicos na atualidade

Faz-se necessário considerar que, na atualidade, a abordagem sistêmica tem admitido em seu uso vários significados. Como também, várias áreas do conhecimento, cada vez mais, têm adjetivado o termo. Assim, um grande esforço e cada vez maior há na busca de compreender a parte a partir do todo. Busca-se a tentativa epistemológica de perguntar-se e fazer-se compreender o como conhecemos, e se o que conhecemos é o que de fato deveria ser conhecido.

Desta forma, o pensamento sistêmico tem afastado-se cada vez mais de uma abordagem da “realidade”, a qual se tinha nos primórdios da revolução científica; na qual, poder-se-ia dizer, que havia um pensamento mais reducionista e mecanicista. O que aqui é apresentado não significa, absolutamente, para o pensamento sistêmico, uma negação da razão científica. A questão é que a parte, em seu arcabouço e, tratando-se de filosofia, poderá não oferecer um conceito bem adequado; necessitando, assim, de um olhar mais holístico, ou seja, entender o fenômeno a partir do todo no qual a parte está situada.

Quem é Esse que se aproxima?

O que se aproxima é o Partilhante. É o totalmente outro. É aquele que é um outro com tudo que o circunstanciou, o circunstancia, e que, de um modo criativo, é aquele que poderá movimentar-se existencialmente, a partir do que o circunstanciará amanhã. É o que é, objetivamente falando, mas, que traz consigo uma subjetividade única. Portanto, uma singularidade que o faz ver e experienciar o mundo e a si mesmo, fenomenologicamente falando, de forma única. Significa dizer que é o diferente de mim e de todos os tantos e tantos, outros.

Que clínica é essa que o acolhe?

Quando se pergunta “que clínica é essa”, tal questão sugere uma retomada do termo em sua origem. Termo proveniente do grego (κλινική / klinikí / Klinikós / klíno – inclinar / klíne – leito). Portanto, é um convite para ir além da objetividade. A Filosofia Clínica, arcabouçada a partir das diversas tradições e correntes filosóficas, objetiva questões existenciais. Considerando que as pessoas têm um modo singular de existir, procura ela, na busca para resolver questões, choques existenciais, conservar uma forma personalizada, ou seja, a partir daquele que à procura, situado em sua base categorial. Assim, de alguma forma, pode a Filosofia Clínica dialogar com aspectos sistêmicos.

Referência bibliográfica

CARVALHO, José Maurício. Estudos de filosofia clínica: uma abordagem fenomenológica. Curitiba: Editora Ibpex, 2008.

DI PAULO, Margarida Nichele; NIEDERAUER, Marisa Z. Compêndio de Filosofia Clínica: Caso Nina. São Paulo/Rio de Janeiro: Livre Expressão, 2013.

DUSSEL, Enrique. Alteridade e Libertação. Sobre a Condição de ser Sujeito. Biblioteca Digital da PUC-SP, 2006.

GOYA, Will. A Escuta e o Silêncio: Lições do Diálogo na Filosofia Clínica/Listening And Silence. Lessons from Dialog in Clinical Philosophy. Goiânia: ed. UCG, 2008.

LEVINAS, Emmanuel. Totalidade e Infinito. São Paulo: Editora Almedina. 3ª ed. 2008.

MELO, Nélio Videira de. A Ética da alteridade em Emmanuel Levinas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003.

PACKTER, Lúcio. Cadernos: especialização em filosofia clínica. P. Alegre: Instituto Packter, s/d.

PACKTER, Lúcio. Filosofia Clínica: Propedêutica. 3. ed. 2005.

Sistêmico? A que se refere hoje?

Compartilhar

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest
Pocket
WhatsApp

Inscreva-se para receber notícias da ANFIC

Inscreva-se para receber notícias da Editora Mikelis

Artigos Recentes